Temos uma mudança enorme neste momento – a memorização das matérias e dos ensinamentos, saber as coisas de cor, usar verbos como “identificar na educação” deixou de ter a importância que tinha por causa dos telefones móveis, da internet e das redes sociais. Hoje já não é necessário guardar as informações na cabeça. Precisamos incorporar na cabeça dos alunos a capacidade de pensar, criticar, interpretar e inovar. Mas nós não fomos preparados para isso. Fomos preparados à formação da disciplina, da ordem, da memorização e do ambiente escolar.
Yuval Harari, o autor de Sapiens disse: “Não sabemos o que ensinar aos jovens pela primeira vez na História”. Esta é a primeira geração que não sabe o que ensinar à próxima geração.
Hoje, não existe apenas uma metodologia de ensino. Hoje qualquer forma tem de ser centrada no aluno através de um processo local onde nenhum especialista saiba mais do que os próprios professores ou educadores.
Os professores não foram convenientemente preparados – não estão a ser bem preparados. O cérebro tem de ser treinado a enfrentar desafios de busca de solução de problemas, uma maneira distinta de ver o real, assim a educação voltará a ser o que já foi um dia…Vanguarda – a frente e não rectaguarda e defeito social.
No passado, a instabilidade político-militar; as acções de destabilização e sabotagem; a movimentação das populações e as dificuldades sociais contribuíram para que não houvesse um melhor aproveitamento dos alunos. Hoje vivemos com uma guerra diferente – a pandemia da Covid-19.
Na década de 80, um diagnóstico realizado pelo Ministério da Educação de Angola a uma parte representativa do sistema educativo – o ensino básico, prognosticou toda uma série de medidas a ter futuramente em conta: plano de estudo, calendário escolar, adequação do perfil do corpo docente, reformulação dos manuais pedagógicos, sistemas de avaliação. Na altura, foi definida a base material mínima e necessária para o funcionamento das escolas, procurou ajustar da melhor forma os meios e os métodos de ensino aos seus respectivos conteúdos.
Ainda assim, existem grandes desafios para serem pensados. Organização, famílias, pais e encarregados de educação e a preocupação docente. Este último ainda precisa ser melhor valorizado, pois a dedicação, o vínculo que dão ao sistema é incomensurável.
Assistir uma aula online nem sempre significa aprender. O período em que vivemos a comunicação não tem sido tão linear e clara como já alguma vez foi – mas trará um aprendizado importante de como enfrentar uma crise.
Sem comunicação, não há, nem pode haver aprendizagem. É importante que os pais e encarregados de educação transmitam aos filhos, nesta altura, serenidade. Não transmitir críticas sobre as escolas pois as crianças não têm como lidar duas fontes contraditórias – não saberão se a razão vai para o professor ou aos pais. É importante discutir entre adultos e passar às crianças apenas o incentivo de estudar e preparar melhor o futuro.
“O mar calmo não favorece o marinheiro”. Chegamos até aqui como adultos porque tivemos dificuldades. É necessário ter responsabilidade na educação das crianças e permitir a escolarização envolvida. As crianças têm de ser preparadas para o futuro delas – enfrentar dificuldades, encontrar soluções inovadoras, fazer coisas que só podemos fazer como seres humanos. Há uma crise que deve ser resolvida com soluções concretas.
“Ostra feliz não produz pérolas”