A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) apresentou esta quinta-feira ao Tribunal Constitucional (TC), em Luanda, a sua candidatura às próximas eleições gerais, no país, depois do adiamento verificado na véspera.
O acto estava inicialmente agendado para as 14:00 horas locais (13:00 TMG) de quarta-feira, 22, mas foi adiado à última hora por razões ainda desconhecidas.
A lista de candidatos entregue esta quinta-feira ao TC pelo seu mandatário, João Roberto Soki, é liderada por Nimi a Simbi como candidato presidencial, coadjuvado por Benjamim da Silva para a Vice-Presidência da República.
A candidatura é integrada por 220 propostas de deputados à Assembleia Nacional e apoiada por 18.467 cidadãos nacionais, segundo o secretário-geral do partido, Aguiar Laurindo.
O processos de entrega de candidaturas iniciou-se, a 06 de Junho, e termina às 23:59 horas locais (22:59 TMG) de sábado, 25.
Dos 13 existentes no país, 11 já deram entrada das suas candidaturas, estando os dois restantes com a entrega dos processos agendada para esta mesma quinta-feira e sábado.
O MPLA, partido liderado pelo chefe de Estado cessante, João Lourenço, foi o primeiro a formalizar a sua candidatura, a 08 deste mês, seguido da coligação eleitoral CASA-CE, segunda maior força política da oposição liderada por Manuel Fernandes.
Esta última, integrada por cinco partidos políticos, cumpriu a formalidade cinco dias depois, a 13 do mesmo mês, seguindo-se a Aliança Patriótica Nacional (APN), partido sem assento parlamentar presidido por Quintino António Moreira, no dia 20.
A UNITA, principal partido da oposição comandado por Adalberto Costa Júnior, fê-lo no dia seguinte, antecedendo o Partido de Renovação Social (PRS) do federalista Benedito Daniel, que entregou o seu processo, no dia 21.
Por dar entrada estão as candidaturas dos estreantes Partido Humanista Angolano (PHA) de Florbela Malaquias e P-NJANGO (Partido Nacionalista para Justiça em Angola), de Eduardo Jonatão “Dinho” Tchingunji.
Actualmente liderada por Nimi a Simbi, a FNLA ocupa o quinto lugar no Parlamento cessante com apenas um deputado conquistado nas últimas eleições, em 2017.
Um dos três movimentos nacionalistas da guerra anticolonial, de 1961 a 1974 (juntamente com o MPLA e a UNITA), a FNLA foi o primeiro movimento de libertação a ser reconhecido internacionalmente, em 1964.
Mas a sua influência política no país tem vindo a diminuir desde 1992, ano das primeiras eleições gerais em Angola, com constantes disputas internas fortemente reflectidas nos seus fracos resultados eleitorais.
Depois de eleger cinco deputados com 2,27 por cento dos votos, em 1992, baixou para três assentos em 2008 (1,11%), dois em 2012 (1,13%) e um em 2017 (0,93%).
As eleições deste ano, que terão pela primeira vez a participação dos angolanos na diáspora, são as quintas da história de Angola, depois das de 1992, 2008, 2012 e 2017.
São esperados mais de 14,399 milhões de eleitores, dos quais 22.560 no estrangeiro.
A votação no exterior terá lugar em 12 países e 25 cidades, tais como África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu) e República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi).
Ainda no continente africano, poderão votar os angolanos residentes no Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu, Solwezi).
Fora do continente, o voto estará aberto à diáspora angolana no Brasil (Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo), na Alemanha (Berlim), na Bélgica (Bruxelas), em França (Paris), no Reino Unido (Londres), em Portugal (Lisboa, Porto) e nos Países Baixos (Roterdão).
O sufrágio anterior foi disputado, em 23 de Agosto de 2017, por seis forças políticas, com a participação de 76,57 por cento dos cerca de 9,3 milhões de eleitores inscritos.
O MPLA venceu por maioria absoluta, com 61 por cento dos votos, à frente da UNITA com 26,67 por cento e da CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral) com 9,44 por cento, num Parlamento de 220 lugares.