EUA: Economistas angolanos questionam “impacto dos financiamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI)” na vida das pessoas

Como haviamos noticiado na quarta-feira, 9, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou um novo desembolso imediato de 772 milhões de dólares do programa de ajuda financeira a Angola, perfazendo já um total de 3.900 milhões de dólares entregues ao Governo. Fundo Monetário Internacional disponibilizou mais 772 milhões de dólares a Angola.

Em Luanda, especialistas ouvidos, entendem que Angola está no seu direito, como membro, de recorrer ao financiamento do FMI, mas alertam que o Governo peca na utilização destes recursos por não terem qualquer impacto positivo na vida das pessoas.

Para o consultor económico Galvão Branco, é uma boa aposta mas o Governo deve tirar o melhor proveito desses investimentos.

“É preciso que as políticas económicas e financeiras recorrentes destas ajudas do FMI sejam acompanhadas de um verdadeiro impacto no crescimento económico, mas também nas questões sociais graves que temos, é necessário uma componente interna que faça com que haja um impacto dramático ao nível das desigualdades sociais e do rendimento dos cidadãos e isto não depende do FMI mas da parte angolana que tem que sentir esta situação”, sustenta Branco.

O economista Américo Vaz também diz apoiar o recurso ao FMI, mas lamenta que “os investimentos públicos não tenham nenhum tipo de qualidade”.

“Todas as engenharias feitas no âmbito destas linhas de crédito, e refiro-me às bilaterais como as multilaterais, os valores são absorvidos sem qualquer impacto positivo para a economia, as obras como estradas, centralidades, etc., são desprovidas de qualidade, deixam de facto muito a desejar, é necessário que se fiscalize estas empreitadas daqui pra frente”, defende Vaz.

Quando o programa foi aprovado, em 2018, foi orçado em 3.700 milhões de dólares, mas recebeu um acréscimo de 765 milhões de dólares para, segundo o FMI, apoiar as autoridades angolanas a mitigarem o impacto económico da Covid-19.

A decisão de desembolsar mais 772 milhões de dólares segue-se à quinta revisão do programa económico de Angola feito pelo FMI que disse numa declaração emitida na quarta-feira que os efeitos da pandemia continuam a ser sentidos, mas que as autoridades “apoiaram a recuperação através de políticas sólidas que têm como objectivo estabilizar a economia, criar oportunidades para o crescimento inclusivo e proteger os mais vulneráveis da sociedade angolana”.

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