Fim dos subsídios de combustíveis causa receio de um “aumento do custo” da cesta básica em Angola

O Fim dos subsídidos aos combustíveis no final de Abril está a criar receio de um aumento do custo da cesta básica, já proibitiva para muitos, e possíveis tumultos.

Em Luanda, governo e associações de taxistas discutem já a percentagem do aumento do custo dos táxis. O presidente da Associação Autônoma Rodoviária de Angola, José Domingos, disse, a partir do Huambo, que o fim dos subsídios “vai gerar mais problemas”, porque vai resultar no “aumento dos preços da corrida [transportes] e da cesta básica, porque os camionistas também já falam em aumentar o preços dos fretes, embora ainda não haja confirmação”.

Domingos recordou que quando o fim parcial dos subsídios foi anunciado, com a promessa da entrega de cartões aos taxistas para obtenção de gasolina mais barata, “mesmo com esses cartões só não houve tumultos porque muitos estavam à espera” de futuras medidas.

“Agora não se duvida que venhamos a ter mais manifestações”, disse, recordado as manfiestações do ano passado, que resultaram em mortes. Muitas dúvidas vão ser dissipadas em breve, após as reuniões de taxistas, mototaxistas e industriais da camionagem.

O economista e agente comunitário, Abílio Sanjaia, diz que este tipo de medidas devem ter um complemento a favor das famílias e refere que os agentes económicos vão querer ajustes.

“O problema é que estas medidas não são acompanhadas. O governo deve garantir serviços de transporte de qualidade e em quantidade e fortalecer a renda das famílias carentes”, indica o especialista. Sanjaia lembra ainda que a nível das indústrias, o governo deve garantir o acesso à energia para que “as empresas não recorram a geradores, já que maiores custos de produção encarecem os produtos”.

Situação económica e social deteriora-se

O cenário ocorre numa já frágil situação social.

Há famílias inteiras a mendigar, à procura de, pelo menos, um quilograma de fuba, um dos produtos cujo custo mais sobe, segundo o relato do funcionário Raimundo Tchiculundunda, morador do Calossombecua II, nos arredores de Benguela.

“Esta semana, famílias começaram a sair à rua, com filhos até mesmo de dois anos, a bater a portas para pedir fuba. Isso mete medo”, conta, acrescentando: “eu também não tenho, fico a pensar no que posso dar a esta gente. Estamos a suar, queremos soluções, resoluções para os irmãos sem comida. O custo da cesta básica é que nos está a matar”, considera.

O governo angolano encontra-se a discutir com parceiros o valor da subida dos preços nos transportes, mas ainda não emitiu um comunicado a propósito da medida que entra em vigor daqui a três semanas.

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