Fitch Ratings mantém perspetiva de evolução negativa para os “ratings” da África subsaariana

A Agência de notação financeira Fitch Ratings decidiu manter Negativa a perspetiva de evolução dos ‘ratings’ para a África subsaariana, devido aos riscos de financiamento, subida das taxas de juro e pressões sobre os câmbios.

Na atualização de meio do ano sobre as perspetivas de evolução dos ‘ratings’, a Fitch diz que “a perspetiva de evolução para a África subsaariana continua a ser ‘em deterioração’, devido aos riscos atuais de aperto nas condições de financiamento, num contexto de taxas de juro nacionais e internacionais mais altas e pressões sobre as finanças externas e as taxas de câmbio”.

No relatório, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Ratings escreve que “estes riscos são exacerbados pelas vulnerabilidades dos países, que aumentaram devido aos vários choques que enfrentaram desde 2020 e à mais antiga tendência de aumento da dívida”.

Alguns países, como Angola, “beneficiaram de preços das matérias-primas mais elevadas em 2022, mas estão agora a passar por uma reversão parcial do impacto positivo”, nomeadamente a nível do aumento da inflação e abrandamento do crescimento económico.

Para a Fitch, embora a média do crescimento previsto para este ano seja praticamente igual à do ano passado, “as maiores economias poderão registar um crescimento inferior”, como é o caso da Nigéria e da África do Sul, as duas maiores da região.

Outro dos problemas identificados pela Fitch nesta análise de meio do ano é a questão da dívida, que tem sido transversal aos analistas, observadores e instituições internacionais: “O nível e o custo da dívida mantêm-se um risco; a média do rácio da dívida face ao PIB será de perto de 60% este ano, ligeiramente acima dos níveis pré-pandémicos, mas muito mais elevada que entre 2013 e 2017, quando o rácio era inferior a 30%”, apontam.

O rácio entre as verbas canalizadas para o pagamento de juros e as receitas dos governos vai subir para 14,4% este ano, quando em 2014 era inferior a 6%, estando acima de 20% no Gana, Nigéria, Zâmbia, Quénia e Uganda, e encostado aos 20% em Angola e na África, do Sul, aponta a Fitch.

“Dos 20 países cobertos pela Fitch na África subsaariana, 12 têm programas do Fundo Monetário Internacional (FMI), como é o caso dos lusófonos Cabo Verde, que tem uma Perspetiva de Evolução Positiva, e de Moçambique, que é também um dos cinco países que estão na categoria CCC+, um nível acima do ‘default'”.

A nível mundial, a Fitch melhorou a análise, mudando a perspetiva global sobre o setor das emissões de dívida dos países de ‘Em deterioração’ para ‘Neutra’, essencialmente devido ao impacto dos preços mais baixos da energia na Europa e à reabertura da China.

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