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Governo de Angola “preocupado” com a utilização de meios técnicos “cada vez mais bélicos” na guerra na Ucrânia e risco de nova guerra mundial

O Governo de Angola manifestou-se hoje “preocupado” com a utilização de meios técnicos “cada vez mais bélicos” na guerra na Ucrânia, admitindo que o conflito poderá transformar-se para uma terceira guerra mundial.

“Preocupada sobremaneira com a degradação exponencial da situação no terreno”, Angola referiu hoje em comunicado, distribuído à margem de uma visita do ministro dos Negócios Estrangeiros russo a Luanda, que a utilização de meios técnicos cada vez mais bélicos “poderá conduzir a um maior envolvimento no conflito por parte dos diferentes parceiros e o seu consequente alastramento em terceira guerra mundial”.

No comunicado, distribuído pouco depois de a Alemanha ter autorizado o envio de tanques Leopard 2 para reforçar as tropas ucranianas – uma reivindicação de Kiev para reconquistar o território ocupado por Moscovo -, o Ministério das Relações Exteriores angolano considerou que todas as nações do mundo são “vítimas de maneira variável” deste conflito.

Este comunicado seguiu-se ao encontro do ministro angolano Téte António com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, que optou por recordar o apoio no passado de Moscovo ao partido governamental angolano.

Para Angola, a guerra na Europa constitui uma séria ameaça à paz e segurança internacionais e o conflito, com “inúmeras” baixas humanas e a destruição de infraestruturas na Ucrânia e milhares de deslocados e refugiados, “tem causado graves consequências económicas mundiais conducentes ao ressurgimento de uma nova dualidade ideológica no mundo”.

“Perante esta situação e na qualidade de ator internacional comprometido, a República de Angola mantém a sua posição de princípio, reiterando o seu apelo pela cessação incondicional das hostilidades pelos beligerantes, priorizando sempre a via pacífica para a resolução desta crise”, refere o comunicado.

Nas suas declarações à imprensa, Lavrov nunca comentou o pedido de um cessar-fogo, repetindo que a Rússia está somente a responder ao que classificou de “regime nazi” de Moscovo.

O comunicado angolano realça vários excertos da intervenção feita hoje pelo ministro das Relações Exteriores angolano, Téte António, nas conversações bilaterais com a delegação russa, reafirmando igualmente a adesão de Angola ao princípio da União Africana sobre a “não indiferença”.

Angola assinala ainda que mantém, desde os primórdios da luta pela independência, “fortes laços de amizade” com a Rússia, que sustentam uma relação de cooperação estreita, dinâmica e multiforme a todos os níveis.

A República da Ucrânia “é igualmente um importante parceiro com quem a República de Angola mantém boas relações diplomáticas e de cooperação”, assinala ainda este posicionamento.

Serguei Lavrov, que cumpre hoje o primeiro dia de visita a Angola, foi também recebido pelo Presidente angolano, João Lourenço.

Delegações de ambos os países devem realizar uma reunião da comissão intergovernamental mista, em abril próximo, em Luanda, para o reforço e alargamento da cooperação bilateral, conforme anunciou o chefe da diplomacia da Federação Russa.

 

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