Grupo rebelde M23 anuncia “retirada de posição estratégica” no leste da República Democrática do Congo (RDCongo)

A Rebelião Movimento 23 de Março anunciou hoje que aceitou retirar-se de Kibumba, uma posição estratégica próxima da capital provincial, Goma, que conquistou no final de outubro, no leste da República Democrática do Congo.

Após semanas de combate com o exército congolês, o M23 [Movimento 23 de Março] apoia os esforços regionais e concorda em ceder as suas posições em Kibumba à responsabilidade da EACRF [Força Regional da Comunidade da África Oriental]”, afirmou o grupo rebelde, numa declaração divulgada hoje.

Segundo o comunicado, assinado por Lawrence Kanyuka, porta-voz político do M23, este é um “gesto de boa vontade em nome da paz”. Uma cerimónia para a qual os jornalistas são convidados está prevista para o final da manhã.

Desde o relançamento da sua ofensiva em outubro, a rebelião tutsi do M23 conquistou grandes extensões de território no Kivu do Norte, a província congolesa que faz fronteira com o Ruanda, causando um forte aumento da tensão entre Kinshasa e Kigali.

Kibumba ficou sob controlo do M23 em meados de novembro, após intensos combates com o exército, suscitando receios de que Goma, a capital provincial do Kivu do Norte e uma cidade com mais de um milhão de habitantes, pudesse ser tomada.

O anúncio da retirada de Kibumba surge numa altura em que o exército ruandês é acusado de ter conduzido operações militares no leste do Congo e de ter fornecido “armas, munições e uniformes” à rebelião M23, segundo um relatório de peritos mandatados pelas Nações Unidas, ainda não publicado mas consultado na quinta-feira pela agência France-Presse (AFP).

Kinshasa acusou Kigali de apoiar ativamente o M23 e de lutar ao seu lado, a relação tensa entre os dois vizinhos escalou e o embaixador ruandês foi expulso pela República Democrática do Congo (RDCongo). Kigali negou todas as acusações.

Entre as várias iniciativas diplomáticas lançadas para tentar resolver a crise no leste da RDCongo, uma cimeira realizada há um mês em Luanda decidiu um cessar-fogo na noite de 25 de novembro e previu a retirada da M23 das áreas conquistadas dois dias mais tarde.

Caso contrário, a força regional da África Oriental implantada em Kivu do Norte interviria para desalojar os rebeldes. Até agora, o M23 tem mantido as suas posições, enquanto em alguns lugares expandiu a área sob seu controle.

Na sua declaração, o M23 expressou “a sua gratidão aos líderes regionais pelos seus esforços contínuos para encontrar uma solução pacífica para o conflito em curso no leste da RDCongo”.

O Movimento 23 de Março, um grupo rebelde armado, maioritariamente tutsi e derrotado em 2013, voltou a pegar em armas no final do ano passado e intensificou a sua ofensiva em outubro, conquistando grandes extensões de território a norte de Goma, a capital do Kivu do Norte.

 

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