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Guiné-Bissau: Filhos de “Nino” Vieira indignados com “grupinho de gente” sobre trasladação de restos mortais do pai

A filha mais velha do antigo presidente da Guiné-Bissau disse que os filhos aceitam que o pai seja sepultado na fortaleza da Amura, mas não da forma que o governo pretende.

A maior parte dos filhos do antigo presidente da Guiné-Bissau João Bernardo “Nino” Vieira estão indignados pela forma como foi feito o processo de trasladação dos restos mortais do pai, que será esta segunda-feira sepultado na Amura.

Em entrevista exclusiva à Lusa, a filha mais velha de João Bernardo “Nino” Vieira, Florença Vieira, disse que os filhos aceitam que o pai seja sepultado na fortaleza da Amura, sede do Estado-Maior General das Forças Armadas do país e local onde já estão sepultados os antigos presidentes eleitos Malam Bacai Sanha e Kumba Ialá, além de Amílcar Cabral.

Aceitamos, mas não desta forma que o governo da Guiné-Bissau quer efetuar, porque ‘Nino’, apesar de todos os problemas, é um herói nacional. O ser humano não é perfeito, mas ele merece uma honra digna”, disse à Lusa Florença Vieira.

“O que tudo indica é que foi maquinado por um grupinho de gente“, afirmou, lamentando que o túmulo do seu pai tenha sido profanado na madrugada de domingo e que não tenham permitido aos seus familiares prestarem uma última homenagem.

Florença Vieira pergunta também ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, e a Isabel Romano Vieira, viúva de “Nino” Vieira, sobre o local para onde foi levado o corpo do pai. “Eu lamento, estou triste, e bastante indignada por este procedimento que o governo da Guiné-Bissau tomou, principalmente o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló”, disse.

Na entrevista à Lusa, Florença Vieira aponta o dedo ao chefe de Estado, salientando que está a “demonstrar força e prepotência”.

Hoje não estamos num regime único, estamos num país democrático e mesmo que ‘Nino’ seja património do Estado, os familiares têm direitos. Volto a apelar a Umaro Sissoco Embaló, ele é muçulmano, respeite as outras religiões, porque nenhuma religião desrespeitou os muçulmanos”, sublinhou.

Florença Vieira afirmou também que a República da Guiné-Bissau “não pertence só a uma pessoa” e que os familiares de “Nino” Vieira exigem respeito.

“Nós, os familiares do ‘Nino’, queremos que nos respeitem. Não queremos dinheiro, não queremos nada, mas que nos respeitem, principalmente a nós, filhos. Não é só a Isabel Romano Vieira que tem filhos com ‘Nino’ Vieira”, afirmou.

O antigo presidente guineense deixou 18 filhos reconhecidos, cinco dos quais de Isabel Romano Vieira.

O Presidente da República desrespeitou-nos. Eu falei diretamente com o Presidente da República, pedi-lhe com dignidade para não fazer esta barbaridade, para deixar os familiares prestarem a última honra ao nosso querido pai. Enganou-me. Pediu-me o meu número de telefone para brincar comigo. Comigo ninguém brinca. Eu não sou analfabeta, nem burra ao quadrado, eu fui à escola, eu sou médica formada”, disse Florença Vieira.

A filha de “Nino” Vieira afirmou também que já “chega de falta de respeito”. “Nós aguentámos tudo quando o nosso pai foi assassinado”, disse.

O antigo presidente “Nino” Vieira foi assassinado em sua casa em março de 2009. Até hoje, ninguém foi acusado pelo crime e o Ministério Público guineense arquivou o processo. O governo da Guiné-Bissau vai trasladar esta segunda-feira, dia nacional das Forças Armadas do país, os restos mortais do antigo presidente para a Fortaleza da Amura.

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