O Secretário do Bureau Político (BP) do MPLA para os Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Pedro de Morais Neto, atribuiu a actual crise cambial à falta de “uma política monetária acertada” e da não diversificação da economia.
Pedro Neto defendeu uma política monetária diferente da que tem sido aplicada até agora , a “mudança de métodos” e a resolução dos “problemas endógenos” como solução plausível para a saída da crise.
Aquele dirigente do MPLA, que falava aos jornalistas à margem do acto comemorativo do dia da Independência dos Estados Unidos assinalada na terça-feira, 4, defendeu que “um país que não tem a política monetária acertada não pode ter soluções acertadas do ponto de vista económico”.
Aquele general na reforma mostrou-se, ainda assim, confiante na saída da actual crise “como no passado”.
Entretanto, o membro do Conselho Económico e Social do Presidente da República José Severino considera que os fundamentos da crise não estão propriamente na política monetária, mas na falta de diversificação das exportações que permitiria ao país ter uma balança cambial mais confortável.
“O problema está aí e temos que mudar a filosofia”, defende o também empresário e presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), reiterando que “a crise monetária está a jusante de uma crise cambial” embora tenha admitido que a política monetária “influencia e é preciso corrigir”.
A Queda do kwanza
Entretanto, a taxa de câmbio média do Banco Nacional de Angola (BNA) apresentou, nesta quarta-feira,5, uma ligeira estabilização da moeda nacional tendo um dólar custado 823,1 kwanzas e 1 euro 897,37 kwanzas, depois de uma acentuada queda verificada ao longo dos últimos dois meses.
Com base nos dados oficiais do Banco Nacional de Angola (BNA), o kwanza começou a recuperar face ao euro e manteve-se praticamente estabilizado face ao dólar.
Há cerca de uma semana a moeda nacional vem sendo negociada a uma taxa de câmbio média de 823 Kwanzas por dólar.
Desde o passado dia 11 de Maio, a moeda angolana já perdeu cerca de 37% do seu valor após as autoridades financeiras deixarem de apoiar a moeda nacional nos mercados cambiais comprando kwanzas com dólares.
A companhia de avaliação financeira Fitch Rating disse que as autoridades angolanas abstiveram-se de efectuar a venda de dólares em Abril e Maio e disse esperar que isso vá continuar.
Banco Nacional de Angola (BNA) aperta
Um analista da empresa numa nota enviada aos seus clientes afirmou não esperar que o banco central se torne num participante mais activo no mercado cambial para além das medidas tomadas no início de Junho, quando o Banco Nacional de Angola (BNA) vendeu 400 milhões de dólares na primeira semana e outros 320 milhões em títulos em dólares.
Aquele analista avisou que mais desvalorização é possível se o fornecimento doméstico de câmbios estrangeiros continuar restringido.
O Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu, entretanto, apertar as regras para impedir abusos nas operações de compra e venda de moeda estrangeira.
As medidas servem a necessidade de assegurar maior transparência às operações de venda de moeda estrangeira por parte das sociedades do sector petrolífero e diamantífero, que passam a ser obrigatoriamente registadas na plataforma Bloomberg FXGO, não podendo haver negociações paralelas.
Pedro de Morais Neto atribui a actual crise cambial à falta de “uma política monetária acertada” e à não diversificação da economia.