Pedido do Fundo Monetário Internacional (FMI) para “maior transparência” provoca opiniões diversas entre economistas angolanos

Na sua última avaliação da economia angolana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse ser necessário “fazerem-se mais progressos no fortalecimento da governação e transparência”.

Neste contexto, o Fundo Monetário Internacional (FMI) encorajou a “publicação dos relatórios auditados dos gastos da Covid”, algo que neste caso o representante do FMI em Luanda, Marcos Souto, disse não se aplicar somente a Angola, mas a todos os países que receberam fundos internacionais para essa campanha.

Entretanto, observadores angolanos consideram que o facto de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter pedido “mais progressos” na transparência indica claramente haver ainda problemas nessa questão para o Governo .

O economista e antigo parlamentar pela CASA-CE Manuel Fernandes diz que não estranha o pedido do FMI em relação a transparência das contas do governo angolano pois “se verificarmos no rigor por exemplo a partir das contas do Estado na Assembleia Nacional nunca sequer deviam ser aprovadas por conter inúmeras irregularidades e muitos dos nossos gestores públicos deviam ser responsabilizados”.

O professor e especialista em Finanças Públicas Eduardo Nkossi diz não acreditar que o actual Executivo se submeta a estas chamadas de atenção sobre transparência do FMI.

Para ele o Governo tem sempre escapatórias para esquivar-se aos apertos das organizações financeiras internacionais e a estrutura estatal angolana continua a ser marcada pela corrupção.

“É só olharmos para o que se passa no Tribunal de Contas hoje, veja o que se passa no Tribunal Supremo é assim que funciona o sistema de Angola, eu não acredito que o Governo cumpra o que o FMI recomenda”, afirmou Nkossi.

Quem acredita que o Executivo possa se redimir porque não tem outra saída é o presidente da Associação Industrial Angolana José Severino, quem descreveu as palavras do FMI como “uma espécie de um puxão de orelhas à nossa organização interna”.

“Penso que o Executivo não terá outra saída se não cumprir o que é recomendado pelo FMI e melhorar os relatórios porque quem recebe dinheiros alheios de ajuda internacional tem que ter verticalidade de apresentar relatórios detalhados das aplicações feitas, quem usou os recursos, onde foram aplicados etc”, disse.

O economista Américo Vaz entende, por exemplo, que o problema da ausência de transparência que enferma o Executivo angolano é de âmbito político e avisa que isso tem consequências nocivas para Angola.

“Fica manchada a imagem do governo, a boa governação, a transparência que pode condicionar o investidor privado estrangeiro que queira vir ao país investir o seu dinheiro”, conclui.

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