Portugal: Angola entre dez países com mais financiamento dos EUA para “destruição de armas convencionais”

Angola foi o sétimo país com mais financiamento dos Estados Unidos desde 1993 para destruição de armas convencionais, ao receber mais de 145 milhões de dólares (122 milhões de euros), segundo um relatório consultado hoje pela Lusa

Os dados consistem do novo relatório “Andar pela Terra em Segurança”, do Escritório de Remoção e Redução de Armas do Departamento de Estado norte-americano e representam o “compromisso” e a “consistência” dos esforços com Angola, nas palavras do gerente de programas para África, Michael Tirre.

No ano passado, Angola beneficiou de sete milhões de dólares (5,9 milhões de euros) do Departamento de Estado norte-americano para atividades de não proliferação, antiterrorismo, desminagem e programas relacionados, equivalente a 33% dos fundos alocados para o continente africano, que totalizaram 21,2 milhões de dólares (17,7 milhões de euros).

“Parte da razão do generoso apoio a Angola é a consistência dos programas, o que demonstra o nosso compromisso”, comentou Michael Tirre, gerente de programas para Europa e África do Escritório de Remoção e Redução de Armas dos EUA, em entrevista à agência Lusa.

No total, entre 1993 e 2020, Angola foi um dos dez países com mais financiamento dos EUA, tendo recebido um total de 145,7 milhões de dólares destinados à destruição de armas convencionais.

Após Iraque (594 milhões de dólares), Afeganistão (537 milhões), Laos, Camboja, Vietname e Colômbia, Angola encontra-se no sétimo lugar com mais financiamento (145,7 milhões de dólares).

Durante 25 anos “esta assistência libertou mais de 464 milhões de metros quadrados de terra para uso produtivo e destruiu mais de 98 mil minas terrestres, artilharia não explodida abandonada e munição não detonada”, lê-se no relatório consultado pela Lusa.

Segundo o documento, também foi com assistência dos Estados Unidos que foram destruídas mais de 108 mil armas pequenas ou armas leves em Angola “e 600 toneladas métricas de munição dos estoques do governo, reduzindo o risco de explosões e desvios ilícitos”.

Michael Tirre indicou ainda que outro dos fatores mais importantes para a assistência dos EUA a Angola são os “novos e emergentes nexos entre a desminagem para apoiar os meios de subsistência, conservação e ecoturismo” e o facto de Angola estar a tentar “diversificar a economia” com desenvolvimento do ecoturismo na região do rio Cubango (ou Okavango).

“Infelizmente, as três províncias que compõem a região de Okavango são também as mais contaminadas por minas terrestres. Vemos que a desminagem é um primeiro passo crítico para permitir que essas outras atividades continuem”, observou o responsável.

Michael Tirre destacou ainda o próprio compromisso do governo angolano, que usou 60 milhões de dólares para a limpeza de parques nacionais em 2019.

“O nosso projeto complementa esse esforço, limpando os principais pontos de acesso ao redor dos parques nacionais. Por exemplo, rotas de transporte ou locais para cientistas pesquisadores conduzirem atividades de conservação”, acrescentou o responsável de programas norte-americano.

Em 2020, os EUA expandiram as operações de ação humanitária contra minas nas províncias de Bié, Cuando Cubango e Moxico.

O financiamento do ano passado foi direcionado principalmente à organização não-governamental de desminagem Halo Trust e ao grupo Mines Advisory Group (MAG).

O relatório realça que a Halo Trust ajudou à construção de arsenais para a polícia nacional, deu treino e formação a militares, destruiu armas pequenas ou armas leves em excesso e destruiu mais de 13 toneladas de munição armazenada e abandonada.

“As operações de desminagem da Halo no sul do Moxico e Cuando Cubango apoiam diretamente os objetivos do governo de Angola para a conservação ambiental e desenvolvimento de uma indústria de ecoturismo na bacia do rio Okavango”, lê-se ainda no relatório.

O grupo MAG “continuou a limpar campos minados de alta prioridade na província de Moxico por meio de desminagem manual e mecânica”, perto de áreas povoadas e que estão em “alto crescimento populacional e requerem mais terras para habitação, agricultura, pastagem e outras atividades”.

Segundo o relatório anual do Departamento de Estado sobre atividades de desminagem e destruição de armas, os EUA já investiram mais de quatro mil milhões de dólares (3,37 mil milhões de euros) em mais de 100 países desde 1993.

Em 2020, os Estados Unidos financiaram esforços de destruição de armas convencionais em 49 países, com mais de 259 milhões de dólares.

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