O Presidente da República de Angola (PRA), João Lourenço, inicia hoje uma visita oficial de três dias à China que visa, segundo a Presidência angolana, “abordar a estratégia futura das relações bilaterais”.
Em declarações à Lusa, o economista Alves da Rocha, diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, defendeu que a renegociação da dívida de Angola com a China deve ser a principal razão da visita, para aliviar o peso desta no orçamento angolano.
O serviço da dívida à China “influencia negativamente a gestão orçamental do país”, considerou Alves da Rocha.
Em comunicado de imprensa, a Presidência angolana destaca que, neste primeiro dia da visita, João Lourenço e o seu anfitrião, Xi Jinping, manterão um encontro.
Para Alves da Rocha, a renegociação da dívida deve estar no centro do encontro entre João Lourenço e Xi Jinping, porque, justificou, importa que “o Governo tenha maior capacidade de manobra, atendendo às tremendas necessidades financeiras do país”.
Angola continua a destinar grande parte do serviço da dívida pública externa para pagar à China, o maior credor do país.
A dívida resulta do processo de reabilitação de Angola após o conflito armado terminado em 2002 e é garantida pela exportação do petróleo.
Também em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Comércio Angola-China, Luís Cupenala, considerou prioritária nesta deslocação a revitalização das relações político-diplomáticas e a mobilização de investimento privado.
“A dívida representa um peso muito grande no nosso Produto Interno Bruto“, disse Luís Cupenala, recordando que, em 2022, o volume de trocas comerciais atingiu 27,8 mil milhões de dólares (25,4 mil milhões de euros), dos quais pouco mais de 23 mil milhões de dólares (21 mil milhões) representaram as exportações de Angola para a China, essencialmente petróleo, e apenas quatro mil milhões (3,6 mil milhões de euros) foram importações dos bens acabados da China para Angola.
O programa da visita do Presidente angolano inclui ainda a participação num fórum de negócios, com o tema investimento em Angola no centro dos debates, e encontros de trabalho com empresários chineses que já operam em Angola ou o pretendem fazer no futuro.
No último dia da visita, João Lourenço desloca-se à província de Xandong, para contactos com setores produtivos nos domínios da indústria têxtil, farmacêutica e atividade agrícola.
João Lourenço tem também agendado um encontro com representantes da comunidade angolana residente na China.