Programa de “400 milhões de dólares” do Banco Mundial (BM) não convence especialistas angolanos

O Banco Mundial (BM) anunciou um financiamento ao Governo angolano de 400 milhões de dólares norte-americanos para projectos de aceleração da diversificação da economia e criação de empregos.

De acordo com o documento assinado na segunda-feira, 26, os projectos visam melhorar o ambiente de negócios no país.

O acordo rubricado pela ministra das Finanças, pelo Governo de Angola, e o representante do Banco Mundial (BM) para Angola, República Democrática do Congo e São Tomé, Albert Zeufack, prevê beneficiar 12 mil empresas já selecionadas, para, como diz o documento, a melhoria do ambiente de negócios com objectivo de catalisar investimentos públicos e privados, em infraestruturas produtivas sobretudo no corredor do Lobito, província de Benguela.

Vera Daves considerou que este acordo mostra o engajamento do seu Executivo com a questão da diversificação da economia nacional.

Quem se mostra bastante céptico em relação a este financiamento é o produtor nacional, de Benguela, Rui Magalhães.

“Eu francamente não acredito em nada destas histórias porque no essencial a questão do país não é técnica, o nosso problema é de política e compromisso, pode vir todo dinheiro do mundo, vai ser todo gasto e não vai produzir resultados nenhuns”, afirma Magalhães.

“É só vermos os vários e tantos programas que não resultaram em nada e depois vem sempre um outro programa novo, por isso vai ser mais um que se junta aos muitos”, acrescenta aquele produtor para quem “o Banco Mundial (BM) vai é conseguir aumentar a nossa dívida e mais nada, não acontece nada, são apenas paliativos”.

Outro produtor nacional, Benjamim Castelo, mostra-se reticente quanto ao impacto deste financiamento e afirma que “enquanto nós não arrumarmos a nossa casa, impormos uma disciplina orçamental rígida, todos estes acordos vão se esfumar no ar, tudo mentira”.

Castelo recordou, por exemplo, “o programa o PAC que foi de 250 milhões de dólares, já lá vão cinco anos e o nível de desembolso nem chega a 10 por cento”.

“Então há financiamentos anteriores que não avançam, vem outro novo financiamento e este muito mais complexo é que vai?”, inerrogou-se.

Por seu lado, o economista Américo Vaz diz que o Executivo não está no rumo certo e sublinha que este novo financiamento “é uma bagatela, não resolve o problema das famílias, das empresas e dos particulares”.

“Para mim o Governo estaria no bom caminho se atacasse na redução do IVA, porque o problema das famílias é de base, elas perdem o poder de compra todos os dias pela desvalorização do kwanza, pela alta da inflação, é aqui que o Governo deve se centrar”, afirma Vaz, para quem “o que se quer são medidas que impactam, que resolvam os problemas que as pessoas passam”.

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