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Ucrânia: Vladimir Putin ordena a Exército russo “manutenção da paz” em territórios separatistas

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu hoje como independentes.
O presidente russo reconheceu a independência das regiões separatistas do leste da Ucrânia: Donetsk e Lugansk, na região de Donbass. UE promete reagir com “firmeza” e EUA avançam com sanções.

Num longo discurso à nação, o presidente russo reconheceu, esta segunda-feira, a independência das regiões separatistas do leste da Ucrânia. Vladimir Putin já ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu hoje como independentes: Donetsk e Lugansk, na região de Donbass.

presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que falou com o seu homólogo dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu paz e descreveu as ações de Moscovo “como uma violação da integridade e soberania” do país.

Zelensky disse ainda que a Ucrânia espera medidas “claras e eficazes” dos seus aliados, tendo pedido uma reunião de emergência dos líderes da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França.

O chefe do Estado ucraniano garantiu ainda que, face à Federação Russa, “não tem medo de nada nem de ninguém”.

Mas enquanto o presidente ucraniano pede paz, a agência Reuters noticia que foi vista uma coluna de veículos militares, incluindo tanques, nos arredores de Donetsk, uma das duas autoproclamadas repúblicas populares no leste da Ucrânia.

Refira-se que, face “às ações ilegais da Rússia”, a Ucrânia solicitou uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que ficou agendada para a madrugada desta terça-feira.

Antes do anúncio da decisão de Putin sobre o reconhecimento da independência destas duas províncias, o Kremlin já tinha dado conta da intenção. Em comunicado, a Presidência russa referiu que o chefe de Estado russo tinha informado os líderes franceses e alemães da sua decisão. O presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, “expressaram deceção” com a decisão em conversas telefónicas com Putin, refere a nota.

Durante o discurso à nação, transmitido pela televisão estatal, o presidente russo anunciou a decisão de reconhecer a independência dos territórios separatistas no leste da Ucrânia, dando o seu contexto histórico, afirmando que a Ucrânia moderna foi criada pela Rússia comunista.

De acordo com o Putin, Lenine foi o criador da Ucrânia, que só se tornou um estado independente quando os líderes soviéticos decidiram tornar a Ucrânia uma das repúblicas da União Soviética.

Afirmou que, passados oito anos (desde 2014, ano em que a Rússia anexou a Crimeia), a Ucrânia vive numa situação socioeconómica difícil.

Vladimir Putin considerou que uma possível adesão da Ucrânia à NATO representa uma ameaça à segurança da Rússia.

Para o presidente russo, a NATO transformou a Ucrânia num “teatro de guerra”.

“Ucrânia tornou-se numa colónia de fantoches”, acusa Putin

Acusou Kiev de corrupção e considerou que a ” Ucrânia tornou-se numa colónia de fantoches”. “Desperdiçaram tudo o que lhe demos durante a União Soviética, até o que herdaram do império russo”, afirmou.

Putin fez uma ameaça direta à Ucrânia quando afirmou que a Rússia está “preparada para mostrar como é a verdadeira descomunização”. “Isso é o que eles [Ucrânia] chamam de descomunização… Vocês querem descomunização? Isso convêm-nos. Mas não parem no meio do caminho. Estamos prontos para mostrar à Ucrânia o que a verdadeira descomunização significa”, referiu o presidente russo, citado pelo The Guardian.

Após o discurso que demorou cerca de uma hora, Putin afirmou que iria reconhecer a independência de dois territórios separatistas do leste da Ucrânia: as autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL), na região ucraniana do Donbass.

“Considero necessário tomar esta decisão que estava pensada há muito tempo, de reconhecer imediatamente a independência da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk”, referiu o chefe de Estado russo.

Putin pediu também ao parlamento russo para “aprovar esta decisão” para, em seguida, “ratificar os acordos de amizade e de ajuda mútua a estas repúblicas” com os líderes de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pásechnik, o que permitirá a Moscovo, por exemplo, enviar apoio militar aos dois territórios pró-russos da região ucraniana de Donbass.

Na sequência destes desenvolvimentos, Putin assinou então os dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa que “as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, segundo noticia a agência AFP.

UE promete reagir com “firmeza” e EUA avançam com sanções

Em reação às declarações de Putin, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o reconhecimento dos dois territórios separatistas “é uma violação flagrante do direito internacional, da integridade territorial da Ucrânia e dos acordos de Minsk”.

“A UE e os seus parceiros vão reagir com unidade, firmeza e determinação em solidariedade com a Ucrânia”, escreveu Ursula von der Leyen no Twitter.

 

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