A Bancada Parlamentar da UNITA está a preparar a solicitação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o alegado envolvimento do general Fernando Garcia Miala, denunciado pelo major das Forças Armadas Angolanas (FAA) Pedro Lussati como tendo sido o mentor da ‘Operação Caranguejo’, como parte de uma “invencionice” que teve como único objectivo ‘tomar de assalto’ os seus bens patrimoniais e monetários.
A informação foi avançada ao !STO É NOTÍCIA por uma fonte parlamentar, na sequência da denúncia que Pedro Lussati fez chegar à presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, e a todos os grupos parlamentares, na qual o major das FAA acusa o actual chefe do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) de o ter sequestrado, torturado, mantido em cárcere privado e extorquido.
Ainda sem uma data para a sua formalização, por um lado, por conta do encerramento do ano parlamentar, a 15 de Agosto — período no qual o Plenário da Assembleia Nacional entra em recesso —, e, por outro, por causa do andamento da Proposta de Iniciativa de Acusação e Destituição do Presidente da República, a solicitação da referida CPI deverá dar entrada com ou sem o pronunciamento da presidente da Assembleia Nacional sobre o assunto.
É pretensão do GPU que o general Fernando Garcia Miala vá ao Parlamento responder às perguntas dos deputados, na sequência da denúncia que Pedro Lussati fez contra a sua pessoa e por se tratar de um agente público, acusado de ter alegadamente cometido uma série de crimes nestas vestes.
O major das Forças Armadas Angolanas (FAA) Pedro Lussati, tido como o ‘cabecilha’ do ‘caso Operação Caranguejo’, recorreu à Assembleia Nacional, no mês passado, a fim desta mandar espoletar, junto do Ministério Público (MP), um processo-crime contra o general Fernando Garcia Miala, por suposta autoria de “falsas narrativas criminais”, que culminaram com o seu sequestro e consequente roubo de mais de 100 milhões de dólares norte-americanos de que era titular.
Em causa está todo o desdobramento processual e operativo, incluindo factos a si imputados pelo Ministério Público (MP), levados a efeito no âmbito da ‘Operação Caranguejo’ — o conhecido mega-esquema de corrupção que envolveu altas patentes das FAA ligadas à ex-Casa de Segurança da Presidência da República —, ora apelidada por Pedro Lussati de “farsa teatral”, alegadamente urdida pelo general Fernando Miala, com o objectivo de espoliá-lo dos seus bens e contar uma mentira ao país.
Na denúncia que fez chegar à presidente da Assembleia Nacional e aos grupos parlamentares, Pedro Lussati — que se apresenta, além de engenheiro de computação e major das FAA, como investidor nas áreas de comércio internacional, investimentos financeiros e imobiliários, com património em Angola e no estrangeiro — abre a ‘Caixa da Pandora’ e revela factos ‘bizarros’ envolvendo abuso de poder, sequestro, roubo, extorsão, denúncia caluniosa, prevaricação [quando um funcionário ou agente público pratica actos de ofício para atender interesses pessoais], e obstrução à justiça — todas elas atribuídas ao ministro Fernando Garcia Miala.
Na sua denúncia, o major das FAA conta a sua versão do envolvimento do seu nome no processo, alegando que a ‘Operação Caranguejo’, pela qual acabou condenado a 14 anos em primeira instância, não passou de uma ‘invencionice’ muito bem elaborada e executada pelo actual chefe do SINSE, com o único objectivo de ficar com os seus bens, principalmente financeiros.