EUA: Isabel dos Santos e os desafios de uma “eventual candidatura” à Presidência da República de Angola (PRA)

A Empresária angolana Isabel dos Santos anunciou na semana passada que pode candidatar-se às eleições gerais em 2027.

Em Angola, esta eventual candidatura de peso tem provocado as mais diversas reacções e leituras.

Em entrevista à DW África, Santos admitiu que pode participar na corrida à Presidência e defendeu a criação do seu próprio partido já que, para ela, tanto o MPLA, seu antigo partido, como a UNITA, já estão ultrapassados no tempo e no espaço.

Apesar de estar actualmente a ser visada por suspeitas de envolvimento em crimes cometidos em Angola, o jurista Manuel Kangundo entende que “não há até ao momento nenhum processo contra ela, ela nunca foi julgada e condenada, nada pesa contra ela, logo neste ponto de vista ela está livre”.

Entretanto, ele acredita que do ponto de vista político uma eventual candidatura de Isabel dos Santos teria que obrigatoriamente passar pelo MPLA.

“Como as coisas estão hoje no país, vai ser muito difícil Isabel dos Santos conseguir esse objectivo, seja qual for a intenção dela ou nesta linha terá de passar pelo MPLA, de outro modo não há chance”, afirmou.

O advogado Pedro Caparakata, que havia aventado esta hipótese e apontado mesmo o ano de 2027, defendeu que a filha mais velha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos estaria a ser preparada para render João Lourenço.

Hoje, ele diz que estas hipóteses ficam reforçadas com dois elementos.

“O facto dela ser cidadã russa pode ser uma vantagem de apoio a uma eventual candidatura em Angola, internamente Isabel dos Santos conta o facto de ser mulher e as mulheres em Angola aguardam por esta oportunidade para espalharem-se por todos os espaços do país”, afirma aquele jurista.

Já do ponto de vista prático, Caparakata entende que “em Angola existe um partido dirigente e estes partidos não são muito a favor da coabitação com outros partidos que não comunguem os seus ditames, a hipótese que Isabel dos Santos teria de ser por meio de candidatura independente, porque criar um novo partido não teria pernas para andar, corria até o risco de ser combatido e com violência”.

Por seu lado, o académico e professor universitário Emilio Victoriano é de opinião que qualquer cidadão, desde que reúna os requisitos, “pode sim candidatar-se ao mais alto cadeirão do país”.

Na referida entrevista, Isabel dos Santos disse que “dificilmente nestas condições, enquanto o MPLA estiver no poder, haverá investimentos em Angola, é preciso uma mudança, os jovens precisam de empregos, de salários, de comprar casa, as famílias querem educar os seus filhos”.

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