O Mosaiko | Instituto para a Cidadania repudia e condena publicamente os actos de violência ocorridos no último sábado, 24 de Outubro, pelos agentes da Polícia Nacional contra os cidadãos e cidadãs que tentavam, pacificamente, realizar a manifestação pela cidadania, contra o elevado custo de vida e em favor da implementação das Autarquias Locais em 2021, do Cemitério da Santa Ana ao Largo do 1º de Maio.
Embora se alegue que alguns manifestantes tenham praticado actos de violência, a desordem e a confusão instaladas deveu-se à falta de sentido de Estado da Polícia.
É lamentável que a Comissão Multissectorial tenha ignorado o potencial de tensão ao introduzir novas medidas, horas antes da manifestação.
A República de Angola baseia-se na dignidade da pessoa humana e na vontade do povo angolano (artigo 1.º, CRA). A Constituição tem primazia sobre o decreto presidencial.
A República de Angola é um Estado Democrático e de Direito, fundada no primado da Constituição e da Lei, na separação de poderes, na unidade nacional, no pluralismo de expressão e de organização política e na democracia representativa e participativa (artigo 2.º, CRA).
Em respeito ao artigo 47.º da CRA, sobre a Liberdade de Reunião e
Manifestação, à Declaração Universal dos Direitos Humanos e demais diplomas internacionais, exigimos do Executivo:
✅Que o governo promova, proteja e respeite a Constituição da República de Angola, o princípio da dignidade da pessoa humana, o direito à vida e à integridade física dos cidadãos;
✅O julgamento justo para a libertação de mais de uma centena de jovens, mulheres e homens detidos pela Polícia Nacional, durante a manifestação;
✅A responsabilização civil e criminal dos agentes da Polícia Nacional pelas ofensas corporais cometidas contra os manifestantes e profissionais de Comunicação Social;
✅Que os órgãos competentes, em respeito do direito à reunião e manifestação,cooperem com os organizadores destas iniciativas para o cumprimento efectivo dos direitos e deveres das duas partes.
Apelamos também aos cidadãos e cidadãs que se juntaram à manifestação, e à população no geral, a continuarem, por vias pacíficas, a exigir os direitos constitucionalmente consagrados, sem pôr em causa ou fazer desmerecer os direitos de outrem.
MOSAIKO | INSTITUTO PARA A CIDADANIA, 26 DE OUTUBRO DE 2020
POR UMA ANGOLA MELHOR