Brasil quer relançar “parceria estratégica” com Angola com projetos de 1,7 mil milhões de euros

O Brasil quer relançar a parceria estratégica com Angola, apostando numa forte carteira de investimentos, estimada em 1,7 mil milhões de euros, em áreas que vão da energia à agroindústria, passando pela farmacêutica, construção e turismo.

Nas vésperas da visita a Luanda do chefe da diplomacia brasileira, Carlos Alberto França, para participar na comissão bilateral de alto nível Brasil-Angola e na reunião ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o embaixador do Brasil em Angola, Rafael Vidal, destacou a “intensidade das relações bilaterais”, sublinhando o interesse em relançar a parceria estratégica, com foco nos canais comerciais e económicos.

“Devemos priorizar a recuperação do comércio e a retoma dos investimentos de alto nível do Brasil em Angola e vice-versa”, disse o diplomata à Lusa, lembrando que Angola e África do Sul são as únicas parcerias estratégicas do Brasil em África, o que envolve reuniões de alto nível.

Em menos de um ano, desde a visita oficial a Angola do vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, decorre uma nova reunião da Comissão Bilateral de Alto Nível Brasil-Angola (CBAN), na quarta-feira.

Além deste encontro, Carlos Alberto França vai participar também na XXVII Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na sexta-feira.

Antes, em fevereiro, realizou-se também a segunda reunião do Comité Conjunto do Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) Brasil-Angola, envolvendo o setor público e privado, demonstrando que há condições favoráveis para a expansão dos investimentos entre os dois países, com uma carteira estimada de cerca de  1,7 mil milhões de euros, segundo o embaixador brasileiro.

O montante envolve capital brasileiro já instalado em Angola ou previsto para novos projetos, incluindo a primeira fase da construção da refinaria de Cabinda, o terminal portuário da Barra do Dande (na província do  Bengo) e o ‘hub’ de armazenamento e comercialização de combustíveis, ambos a cargo da Novonor/Odebrecht (OEC),  centralidades em algumas províncias, e o desenvolvimento de uma fábrica de medicamentos na Zona Económica Especial, adiantou.

Em perspetiva está também o cultivo de arroz associado a um projeto agroindustrial de arroz, milho e feijão, da empresa brasileira Ruzene em parceria com a angolana Sílaba, que está a ser estruturado financeiramente com um banco angolano.

Outra área promissora para o Brasil é o desenvolvimento agrícola de áreas irrigadas, tendo em vista os projetos do  governo angolano para combate à seca no Vale do Cunene e a  experiência brasileira de irrigação e apoio à agricultura familiar no Vale do São Francisco, região localizada entre os estados de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, que se tornou um importante produtor de frutas e hortícolas.

“A ideia é, através da cooperação, ajudar o governo angolano a fazer o desenvolvimento económico do vale do Cunene, a exemplo do que se fez no Vale de São Francisco, até por que as semelhanças geográficas são grandes”, salientou Rafael Vidal, acrescentando que este objetivo está alinhado com as prioridades do Presidente angolano, João Lourenço.

Por último, destaca-se o potencial do turismo sustentável.

“Estamos a propor ao governo angolano uma parceria bastante criativa e inovadora que é a de investimento em turismo sustentável, envolvendo ‘know-how’ e capital de empresas brasileiras, em áreas concessionadas, no litoral”, indicou o diplomata.

Associados aos empreendimentos turísticos, estariam projetos ambientais, incluindo tratamento de águas e resíduos, reciclagem de lixo, reabilitação urbana e dessalinização de águas, adiantou Rafael Vidal, referindo que a proposta, que envolve a Associação Brasileira de Hotelaria, já foi apresentada ao governo angolano.

 

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