Angola: UNITA e CASA-CE mantêm figura do deputado independente

O partido UNITA e a coligação eleitoral CASA-CE deverão manter a “figura de independente” para os próximos desafios eleitorais, apesar da dissidência de alguns deputados.

Segundo o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, o seu partido tem experiências muito positivas com a figura do deputado independente. “Temos casos de saídas, como esta mais recente”, diz referindo-se ao deputado David Mendes. “Respeitamos e também estamos atentos à opinião da maioria dos cidadãos que não me parece que tenham reprovado a UNITA. O GIP, programa de Governo Inclusivo e Participativo, assenta neste paradigma, da inclusão e da abertura à sociedade. A questão deve ser analisada para além da UNITA”, afirmou Adalberto Costa Júnior.

Insubordinação política

David Mendes não é o único caso “irritante” na UNITA, que saiu da bancada parlamentar por não compartilhar alegadamente com pessoas que não têm tolerância e aplaudem ameaças de morte, sem solidarizar-se com a vítima.

Em 2006, dezasseis deputados suplentes daquele partido insurgem-se contra a sua substituição no Parlamento, medida justificada com a normalização da bancada respeitando a ordem de precedência das listas de 1992.

Na altura, Adalberto Costa Júnior, na qualidade de secretário para a Informação da UNITA, considerara de “absolutamente normal, legal e legítimo” a medida tomada pela direcção do seu partido de substituir os dezasseis deputados da sua bancada parlamentar.

Os apelidados, na altura, de “16 malditos” recusaram-se a abandonar o parlamento para dar lugar aos deputados titulares, naquilo que ficou marcado como um acto de insubordinação política à liderança do ex-presidente Isaías Samakuva.

Por sua vez, a CASA-CE também não vai abdicar do estatuto de independente, uma das géneses da coligação eleitoral.

“É um desejo quer do presidente quer do colégio presidencial”, começou por dizer a vice-presidente para Comunicação Social e Marketing da CASA-CE, Cesinanda de Kerlan Xavier, em exclusivo ao Vanguarda.

A porta-voz da Convergência Ampla de Salvação de Angola pensa que a coligação está condenada a ter independentes no seu meio se quiser ser uma instituição democrática, credível e séria, como se pretende.

Cesinanda Xavier tomou como exemplo a existência na CASA-CE de muitos quadros ao nível de todas as estruturas que são independentes.

“O almirante, é independente, na sua qualidade de independente, tem uma vice-presidente para a Comunicação Social e Marketing que também é independente, o secretario Executivo Nacional é independente, o secretário Executivo provincial de Luanda é independente, assim como o secretário Executivo provincial de Cabinda”, alistou.

A também deputada especificou que quem entrou para a CASA-CE fê-lo espontaneamente, sem querer, no entanto, aderir a qualquer um dos partidos políticos coligados.

“É o meu caso e de tantas outras figuras independentes que têm contribuído bastante para o bem da coligação em prol de Angola e dos angolanos”, afirmou, numa alusão de que “tal como a vida a política também é dinâmica, de resto o futuro dirá”.

CASA-CE dividida ao meio

Desde a fundação da CASA-CE, em 2012, que Abel Chivukuvuku liderava o partido, mas divergências de opinião levaram o seu afastamento do cargo, por alegada quebra de confiança política. A partir desta altura oito dos dezasseis deputados da coligação desvincularam do grupo parlamentar da CASA-CE. A PRÓXIMOS DESAFIOS ELEITORAIS UNITA e CASA-CE mantêm figura do deputado independente O partido UNITA e a coligação eleitoral CASA-CE deverão manter a “figura de independente” para os próximos desafios eleitorais, apesar da dissidência de alguns deputados. texto Agostinho Rodrigues foto DR desintegração, esta, resultou na divisão do tempo de intervenção da coligação que ficou com dezasseis minutos e três minutos cada deputado dissidente.

Contrário da CASA-CE, o partido UNITA não vai conceder tempo de intervenção ao deputado David Mendes que se desvinculou da sua bancada parlamentar.

Instado pelo Vanguarda, Maurílio Luiele, primeiro vice-presidente daquele grupo parlamentar deixou claro que a UNITA não vai conceder um único minuto ao deputado demissionário.

“O deputado David Mendes não faz parte do grupo parlamentar da UNITA, deve negociar o seu tempo de intervenção com o presidente da Assembleia Nacional ou com a mesa da Assembleia, diz acrescentando que, não há comparação possível entre o caso David Mendes e os oito deputados não integrados no grupo parlamentar da CASA-CE que dispõem de tempo de intervenção no parlamento.

“David Mendes é apenas um contra 50 deputados, logo, não terá direito a tempo de intervenção”, avisou o deputado.

Agostinho Rodrigues

Vanguarda 

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