Assembleia Nacional de Angola (ANA) aprova Manuel Dias para “novo governador” do Banco Nacional de Angola (BNA)

A Assembleia Nacional de Angola (ANA) aprovou hoje a nomeação de Manuel Dias, indicado pelo Presidente da República, como governador do Banco Nacional de Angola (BNA) nos próximos seis anos.

De aordo com uma nota divulgada no seu ‘site’, os deputados consideraram que o economista reúne os requisitos legalmente exigíveis e realçam a sua idoneidade, competência técnica, conhecimento e capacidade de gestão.

O até agora vice-governador foi hoje ouvido pelos deputados da 5.ª e 1.ª comissões de trabalho especializadas da Assembleia Nacional, que aprovaram a sua nomeação num relatório parecer conjunto, que será remetido ao Presidente da República, João Lourenço, com 24 votos a favor, cinco abstenções e nenhum voto contra.

O candidato a governador do BNA, que deverá substituir no cargo José de Lima Massano, agora ministro de Estado para a Coordenação Económica, mostrou-se otimista, apesar das reservas do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido da oposição angolana).

No final da auscultação pelos deputados, que se prolongou por quase duas horas, em declarações à imprensa, reiterou que o seu objetivo de médio e longo prazo é, inicialmente, promover uma inflação à volta de 10% e, posteriormente, alcançar a taxa de inflação à volta de 6%, para Angola estar alinhada àquilo que são os indicadores de convergência macroeconómica da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

“O outro objetivo, que é a segunda missão principal do BNA, é a estabilidade do sistema financeiro nacional e obviamente aqui também há um conjunto de medidas que serão tomadas para fazer com que o nosso sistema financeiro seja sólido e capaz de desempenhar o seu principal papel, que tem a ver com o apoio que deve prestar à economia através da concessão de crédito, isso é o essencial”, resumiu.

Questionado se está expectante na sua nomeação, Manuel Dias, que assumiu interinamente as funções de governador do BNA, após a saída de Lima Massano, respondeu que está otimista.

“Eu sou um quadro do BNA, sei que isso tem estado a gerar muitas expectativas quer a nível do próprio banco, mas sobretudo a nível da sociedade. Eu entendo que nós temos quadros à altura no BNA, inclusive quadros nossos que já têm estado a prestar apoio a outras instituições, quer do Estado quer em outras instituições e, obviamente, num momento como este tenho de estar otimista, porque o meu desiderato foi sempre trabalhar para o bem de Angola, sobretudo para o bem das populações angolanas”, frisou.

A deputada do grupo parlamentar da UNITA Mihaela Weba referiu que não ficou satisfeita com o objetivo de “manter a política de câmbio flutuante, o que vai penalizar significativamente os cidadãos angolanos”.

“Nós pensamos que o banco nacional tem responsabilidades, porque poderíamos adotar outros mecanismos para fazer com que a nossa moeda seja forte, nomeadamente a questão das reservas de ouro. Estava à espera que o candidato a governador viesse com ideias inovadoras para efetivamente melhorar a competição do nosso kwanza e isso não fez”, disse.

“Vamos continuar a ter um kwanza desvalorizado, uma economia desestruturada e é o governador que vamos ter, infelizmente”, disse Mihaela Weba, destacando que “do ponto de vista académico, o candidato tem pergaminhos para estar no cargo em que é indicado”.

“Todavia, não nos vamos esquecer que, de 2016 a 2023, ele tem sido o vice-governador do BNA e, portanto, se a política do BNA falhou ele também tem as suas impressões digitais nela”, sublinhou a deputada, vincando que “claramente” não há como o grupo parlamentar da UNITA “validar” a sua nomeação.

“Tendo em conta o histórico do banco nacional e a política, quer monetária quer cambial, que o BNA decidiu adotar não favorece Angola, não favorece os angolanos e, logo, não pode ter o aval do grupo parlamentar da UNITA, não há voto de confiança”, salientou.

Já o deputado do grupo parlamentar do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) Manuel da Cruz Neto disse que a audição visou o conhecimento em termos de capacidade técnica e humana do candidato.

“Nós reparamos que é um candidato que já trabalha no Banco Nacional de Angola desde 1997, já lá vão muitos anos, e sempre assumiu posições de responsabilidade (…) de tal maneira que, em princípio dar-nos-ia garantias de que teria um bom desempenho nas suas novas funções”, apontou o deputado do partido maioritário.

Nascido a 2 de fevereiro de 1967, no Cuanza Norte, Manuel António Tiago Dias é Mestre em Ciências Económicas pela Universidade de Bordéus, em França. Ingressou no BNA em 1997, onde ocupou várias funções até à nomeação, em 2016, como vice-governador, função que desempenhou até este ano (2023), antes de ser designado para o recente cargo de Governador interino do BNA.

0 0 votes
Article Rating
Subscribe
Notify of
guest
2 Comentários
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
trackback

[…] “Apesar dos programas já realizados, reconhecemos que existe um caminho longo a ser percorrido para alcançar níveis de profundidade do sistema financeiro, diversificação económica e crescimento sustentado, por este motivo foi constituído do Comité de Coordenação da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira”, rematou o governador do Banco Nacional de Angola (BNA). […]

trackback

[…] Tiago Dias assinalou que, no ano passado, as importações tiveram uma redução significativa com destaque para os bens alimentares (na ordem dos 33%) e dos bens de consumo essenciais (- 45%) […]